O que fazer em Curitiba: Comece pela Rua das Flores
Sempre que um amigo de fora pede pra conhecer Curitiba, a primeira parada é na Rua das Flores. Antes do Jardim Botânico, da Ópera de Arame, antes até do Largo da Ordem que eu adoro. O calçadão da Rua XV, como falamos aqui, é de longe, o melhor lugar para “aterrissar” de verdade na cidade.
Era o que eu sentia quando ainda não morava aqui e Rua XV era pra mim quase sinônimo de Curitiba. Depois que me mudei para um apartamento minúsculo no centro, ela virou o quintal de casa. E continua sendo um dos meus lugares preferidos para bater-perna e tomar café.
A rua ficou famosa na década de 70 por ser a primeira grande avenida do país exclusiva para pedestres. Era e ainda é incrivelmente fotogênica, com todos aqueles canteiros, vasos coloridos e calçadas em petit-pavé.
Mas o calçadão passa longe da imagem idealizada da Curitiba perfeitinha. É um lugar pra viver a cidade de verdade. Tomar café, comprar jornal e flores na banca, procurar promoção nas lojas populares, ver o povo passar. E esbarrar naquelas figuras folclóricas que já viraram referência na rua.
Então, se você estiver em Curitiba no fim de semana, deixe os parques para a tarde. Reserve a manhã de sábado para o agito do calçadão. É o melhor horário para encontrar lojinhas fervendo, discussão política na Boca Maldita, artistas na rua, música de todo tipo, do violino clássico ao acordeom caipira. Tudo assim mesmo, junto e misturado.
Meu roteiro
A localização é perfeita para turistar a pé. A Rua XV de Novembro é bem mais longa, mas o calçadão ocupa apenas um quilômetro entre as maiores praças da cidade, bem ao ladinho do centro histórico. Dá para passear de manhã e almoçar, por exemplo, no Largo da Ordem.
Comece pela Praça Osório, mais perto dos hotéis do centro. É uma bela praça, com fonte, parque e um quadra esportiva cercada, mas confesso que eu só paro por ali quando tem feira. As barraquinhas de artesanato ou comida típica abrem principalmente em época de Natal, Pascoa e festas juninas.
*POR PERTO: A Rua 24 horas (Rua Visconde de Nácar, à esquerda do calçadão) passou por um período de decadência, foi reformada em 2011 e hoje reúne franquias de restaurantes, cafés e cervejarias. A maioria fecha antes das 22h, mas a estrutura de ferro e o teto transparente continuam interessantes.
Voltando para a praça e entrando no calçadão, estamos em plena Boca Maldita. Em dias de semana, é território dos aposentados. Aos sábados, vem gente de todas as idades. Aqui se fala de política e se faz política, de um abaixo-assinado aos grandes comícios, quando eles ainda existiam.
Tem ainda os desenhistas, os pintores, os engraxates da Boca do Brilho, uma unidade das Livrarias Curitiba, as bancas de revista, lanchonetes, o balcão lotado do Café Avenida. Dá pra entender porque eu gosto de bater ponto aqui.
No final da quadra, do lado direito, fica o Palácio Avenida, o palco do espetáculo de Natal mais famoso de Curitiba. O coral de crianças carentes cantou pela primeira vez nas janelas em 1991, uma ideia do finado Bamerindus.
O banco e o prédio histórico mudaram de dono (de Bamerindus para HSBC e agora para Bradesco) mas o espetáculo entrou para o calendário de Natal. Ninguém, pelo menos até agora, teve coragem de comprar uma briga com a cidade…
*POR PERTO:Virando à direita, o calçadão segue por uma travessa curta até a Praça Zacarias. Pena que o chafariz público de 1871 esteja mal conservado. Mas tenho outro bom motivo pra parar aqui: a Confeitaria Lancaster. É um daqueles lugares do tipo tradicional,sem frescura, mas com sabor e qualidade. Tem preços razoáveis, salgados e doces clássicos, refeições rápidos e chá completo. Na esquina funciona o Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Voltando à Rua XV, você vai ver o Bondinho da Leitura. O antigo vagão elétrico restaurado abriga uma pequena livraria pública, com recreação para crianças.
Este é também um dos lugares mais divertidos da rua. O único trecho do calçadão com mesas na calçada e um palhaço-mímico de plantão. É só passar com a cabeça na lua para ser vítima do Sombra, um artista de rua engraçadíssimo que brinca de imitar os desavisados. Já aconteceu comigo, talvez você seja o próximo…:)
O melhor lugar para tirar foto fica na quadra seguinte. A fonte cercada por bancos, floreiras e árvores forma quase uma praça dentro do calçadão.
*POR PERTO: A Biblioteca Pública do Paraná fica na rua paralela à XV. Vire à esquerda na Al Dr. Murici e depois à direta.
Antes de atravessar a próxima rua, a Av. Floriano Peixoto, olhe para a lateral do edifício bem na sua frente. A pintura reproduz uma obra de Poty Lazarotto, o artista plástico mais querido de Curitiba. O painel já precisa de restauração mas vale observar os traços. Você vai vê-los de novo em outros lugares da cidade.
*POR PERTO: Virando à esquerda na Av. Floriano Peixoto e caminhando uma quadra, está a Praça Tiradentes. Pode ser o ponto de partida do tour pela parte mais antiga da cidade, incluindo a Catedral, o Paço da Liberdade e o Largo da Ordem. Virando à direita, duas quadras depois, fica o Restaurante Imperial, um clássico do centro e ótima opção para um almoço bom e barato.
-> A Mesquita azul de Curitiba
O zumzumzum típico do centro segue nas quadras seguintes. E as personagens também. Estão lá o homem-estátua, os vendedores de artesanato, os flautistas bolivianos, o sanfoneiro e por aí vai. Viu o povo se juntar no calçadão? Pode saber que tem músico ou humorista bom no meio.
À direita, na penúltima quadra do calçadão, fica a tradicional Confeitaria das Famílias aberta desde 1945. O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico e a decoração tem um um estilo anos 50. Os doces, com porções generosas de coberturas e recheios, não fazem muito meu estilo, mas são muuuuito populares. No piso superior, funciona um salão de chá.
*POR PERTO: Vire à esquerda na Avenida Barão do Rio Branco e você estará quase na Praça Generoso Marques e no Paço da Liberdade. No sentido oposto, a avenida leva ao prédio histórico da Câmara de Vereadores e ao Museu Ferroviário, dentro do Shopping Estação. Mas atenção: são mais de 5 longas quadras até lá.
O calçadão termina na Praça Santos Andrade. Repare nas árvores antigas: pinheiros, oliveiras e ipês (estão florindo agora!). Os desenhos no piso de petit-pavé lembram o formato das araucárias. Sempre achei esta praça umas mais bonitas da cidade, mas ela parece um pouco um local de passagem. Talvez pelos pontos de ônibus, talvez pelos vizinhos importantes.
De um lado da praça está o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, a primeira do Brasil, com suas colinas neoclássicas imponentes e a escadaria cheia de estudantes.
Do outro lado, o Teatro Guaíra, casa da Orquestra Sinfônica do Paraná, do Ballet Guaíra e de outros grupos artísticos da cidade. A fachada tem painel de concreto de Poty Lazarotto. Se tiver interesse, dê uma olhada na programação aqui.
Agora que você já viu tudo, dá pra voltar algumas quadras e continuar o passeio a pé pelo centro histórico.
FOTOS: CASSIANA PIZAIA
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Uau ! Amei ! Obrigada pela partilha!!!
Eu que agradeço, Janaína. Abraço!
Hoje segui seu roteiro e foi ótimo! Obrigada!
Que bom, Ildica! Eu é que agradeço seu retorno por aqui. Abraço!
Muito boas dicas.
Irei amanha andar por la
Bom passeio,Yone!
Sensacional! amei as dicas e minha vontade de conhecer Curitiba somente aumentou.
vc esta de parabéns pelas dicas.
Obrigada, Natalino. Espero que logo você possa nos visitar com tranquilidade e segurança. Abraço!