O que fazer e viver na Península de Maraú
Com praias a perder de vista sem um único guarda-sol, Maraú tem ar de paraíso perdido entre os destinos badalados e famosos do sul da Bahia.
Não que falte estrutura. A península tem hoje mais de 70 pousadas mas a maioria se concentra na vila de Barra Grande, ao lado do trapiche onde chegam os barcos e longe das praias mais desertas ao sul.
O centrinho é movimentado e bem-organizado, com várias opções de lojinhas e restaurantes. Ainda assim, parece um povoado do interior onde tudo gira em torno da praça da igreja.
Não há agência bancária nem sinal de celular As ruas de terra são bem-cuidadas mas se desmancham em poças d’água na primeira chuvarada (e olha que elas são frequentes). As estradas de chão batido são também o único caminho para o interior da península.
Mesmo com acesso por terra, Maraú tem cara de ilha. Os corajosos até chegam de Itacaré pela poeirenta BA 030 . Mas a maioria, como eu, prefere pegar uma lancha em Camamu a enfrentar os 40 quilômetros de terra onde nunca se sabe o que encontrar pela frente.
Ainda assim, ninguém sai daqui sem sentir o gostinho da aventura. Os moradores chamam seu principal meio de transporte de jardineira. Na verdade, você vai mesmo é chacoalhar na carroceria adaptada de um velho 4×4.
O principal destino, Taipu de Fora, merece estar nas listas de praias mais belas do Brasil. Suas piscinas naturais cercadas por corais durante a maré baixa formam um aquário de águas transparentes com mais de um quilômetro de extensão. Escrevi mais sobre Taipu aqui.
Ao sul de Taipu, Maraú ganha um jeitão cada vez mais agreste. A melhor maneira de entender porque é subir o Morro do Farol. Você deixa o carro e chega lá em cima de língua de fora mas a vista de 360° compensa.
De um lado, a Baía de Camamu, a terceira maior do país, repleta de estuários, manguezais e ilhas cobertas por mata atlântica. É onde fica a cidade de Maraú. Do outro, coqueirais, praias e lagoas.
Pra chegar lá, a jardineira sai da BR 030 por uma estradinha apertada cercada por bromélias gigantes penduradas nas árvores. Continua por um caminho de tirar o fôlego entre a praia e uma fileira de coqueiros. Até ficar entre a água…e água.
Uma faixa de areia de apenas 300 metros separa a água a doce e negra da Lagoa do Cassange da praia quase deserta onde pescadores lançam suas redes. Moradores de uma casa vendem bebidas e alguns petiscos. E só.
Ao sul de Cassange estão as praias ainda mais tranquilas de Saquaíra e Algodões.
Esteja em que ponto estiver, dê um jeito de voltar ao extremo norte da península pelo menos uma vez no final da tarde.
Não é fácil sair das águas calmas da Ponta do Mutá. Mas a vale a pena caminhar até o ponto exato onde a baía se abre para o mar e os corais formam curiosos desenhos na areia. Hora de relaxar nas águas mornais do que eu chamo de “banheiras naturais” de Maraú.
O dia termina com o programa clássico: caminhar pelas praias de Mutá e Barra Grande vendo e o sol se esconder nas águas da baía de Camamu.
Fotos: Cassiana Pizaia
Guia rápido
COMO CHEGAR NA PENÍNSULA DE MARAÚ
A melhor forma de chegar a Maraú é por Ilhéus. Conto mais sobre a cidade de Jorge Amado aqui. Do aeroporto até Camamu, de onde partem os barcos para a Península, são menos de 120 quilômetros pela BA 001.
Ônibus da empresa Águia Branca fazem o percurso de ida entre Ilhéus e Camamu três vezes ao dia, normalmente pela manhã. Há dois horários de retorno à tarde. A passagem custa R$21,28 (fevereiro de 2015) e pode ser comprada no site da empresa: www.aguiabranca.com.br.
A partir de Salvador, o caminho é mais complicado.
O jeito mais rápido é atravessar a baía de ferry-boat até Bom Despacho, na Ilha de Itaparica. Dalí, são 195 quilômetros pela BA 001 até Camamu. A viagem, cortando várias cidades e povoados, demora pelo menos quatro horas.
De Bom Despacho partem as linhas de ônibus das empresas Águia Branca e da Cidade Sol para Camamu.
Ao chegar à cidade, procure na orla a empresa Camamu Adventure, que tem barcos confortáveis e seguros. O percurso em lancha rápida dura cerca de meia hora e custa vinte reais por pessoa (valor em janeiro de 2015). Barcos maiores levam uma hora e meia.
O caminho até Barra Grande entre as ilhas e praias da belíssima Baía de Camamu já vale por um passeio.
Por terra, o acesso é via Itacaré, há 70 quilômetros de Ilhéus. O trajeto pela BR 030 tem mais de 40 km de terra. No verão, a estrada costuma estar em melhor estado mas é mais seguro ir num veículo 4×4.
COMO cHEGAR ÀS PRAIAS DA PENÍNSULA DE MARAÚ
Há alguns taxis e os animados podem alugar quadriciclos. Mas Maraú é mesmo território das jardineiras. Vários destes veículos 4×4 adaptados partem o tempo todo do ponto próximo à pracinha da igreja.
O trajeto até Taipu de Fora custa vinte reais por pessoa e dá pra combinar horário e local de retorno.
Negocie também com o motorista o preço para grupos e trajetos maiores, incluindo as outras praias da Península.
ONDE FICAR NA PENÍNSULA DE MARAÚ
Se você gosta de movimento à noite e de experimentar novos restaurantes, é melhor ficar em Barra Grande.Outra vantagem é estar perto do trapiche, com mais facilidade pra partir em caso de emergência.
Como viajava com crianças, essa foi minha opção. A Pousada Meu Sossego, onde nos hospedamos, fica 200 metros do trapiche. Tem quartos com decoração rústica mas aconchegante, um bom café da manhã com quitutes regionais e funcionários atenciosos. O custo é razoável se comparado com as maiores pousadas de Maraú. E a rede na varanda é tudo de bom!
Ao norte, perto de Barra Grande, também há pousadas em Ponta do Mutá, Bombaça e Três Coqueiros.
Ao sul, Taipu de Fora é a praia com mais opções de hospedagem mas os restaurantes fecham à noite.
Se você quer se isolar numa praia quase deserta, é possível se hospedar em Saquaíra, Algodões e Cassange. Veja a lista completa de pousadas aqui.
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Me parece um paraíso do qual não se quer sair…..
Interessante , Adriana, é que Maraú pode ser um paraíso para pessoas de estilos diferentes. Tem estrutura para quem gosta de movimento , lugares isolados para os que procuram tranquilidade e adrenalina para os aventureiros. Basta procurar o seu! Obrigada pela visita.
Que delicia, imagino o prazer de sentir a natureza e não ter vontade de ir embora! !
Realmente parece espetacular. Quantos dias você recomenda, para conhecer a península?
Em quatro dias, você conhece o básico. Dois vão ser gastos com a partida e a chegada, com tempo para explorar Barra Grande ( se você ficar lá) e as praias mais próximas. A praia de Taipu de Fora (veja nosso post sobre ela!) merece um dia inteira e um giro pelas praias e lagoas mais ao sul toma mais um. Se tiver mais tempo, dá pra fazer passeios de barco em outras regiões da baía ou escolher a praia que mais gostou para curtir com tranquilidade. Abraço!
Visitei a Península de Maraú em dez/jan de 2017…Passei reveillon em Algodões!!Barra Grande e Saquaíra tem bons restaurantes…´Taipu de Fora com seus corais tem uma beleza q emociona!!
Visitem o Brasil!!
Abraços