Guaraqueçaba: como chegar e o que fazer entre a serra e o mar
Motivos pra conhecer Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, existem de sobra. A cidade fica dentro da maior reserva de mata atlântica do país, cercada por ilhas, praias desertas, animais em extinção, cachoeiras e história. De Curitiba até lá são apenas 160 quilômetros e dá pra descer a Serra do Mar pela deliciosa Estrada da Graciosa.
Ainda assim, eu demorei pra ir. Sabe aqueles lugares que a gente morre de vontade de conhecer mas vive adiando porque acha difícil chegar? Pois Guaraqueçaba vivia nesta minha lista.
O trecho inicial da estrada é tranquilo. O problema começa quando o asfalto termina. O trecho final do percurso tem 78 quilômetros de terra, um caminho cheio de buracos que pode tomar até três horas dependendo das condições do tempo e prejudica o turismo.
Com acesso o acesso ruim, a cidade vive como se fosse uma ilha em um dos cantos mais escondidos da Baía de Paranaguá, que só perde em tamanho para a Baía de Guanabara, no Rio.
E já que parece ilha, eu resolvi acabar com as desculpas e viajar do jeito mais fácil: de barco. Demora quase o mesmo tempo, cerca de 2 horas e meia, mas o trajeto é tão calmo que maioria dos passageiros aproveita pra tirar uma soneca. Só faltou mesmo pendurar uma rede … 🙂
Como ir a Guaraqueçaba por estrada
Se você faz parte do time dos corajosos ou gosta de off road, vai aproveitar o percurso que corta a mata atlântica da serra ao mar. Dê uma olhada no mapa:
VIA ESTRADA DA GRACIOSA
Saindo de Curitiba pela BR 116, sentido São Paulo, você encontra o portal de acesso para a Estrada da Graciosa ( PR 410) a cerca de 40 km da cidade. Depois de descer a serra, um pouco antes de Antonina, entre na PR 340, sentido Icatu, e siga até o trevo com a PR 405, a estrada de terra que leva a Guaraqueçaba.
VIA BR 277
A partir de Curitiba, siga pela estrada duplicada que leva ao litoral do Paraná até o km 30 e vire no trevo que indica Morretes e Antonina. Antes de chegar a Antonina, entre na PR 340 e depois, seguindo a sinalização, pegue a PR 405.
Como chegar em Guaraqueçaba de barco
Barcos comerciais partem de Paranaguá às 09h00 (todos os dias) e às 13h30 (exceto domingos e feriados). O cais fica na Rua da Praia ( o nome oficial é R. General Carneiro) em frente ao restaurante Danúbio. A passagem custa R$30,00. Retorno às 07h e 14h.
Pra quem está turistando, funciona como um passeio. O barco passa próximo ao porto de Paranaguá mas segue um caminho diferente dos grandes navios. Em meia hora, você está no meio da baía com as montanhas de um lado e as ilhas do outro, incluindo a mais famosinha Ilha do Mel.
Onde ficar em Guaraqueçaba
São poucas as opções de hospedagem mais estruturadas em Guaraqueçaba. A Pousada do Biguá, onde me hospedei da última vez, fica bem no centrinho da cidade. Basta atravessar a praça e você está no cais, onde chegam e saem os barcos para Paranaguá e para as ilhas. Por perto ficam também os restaurantes e bares mais movimentados.
Os quartos são grandes e contam com ar-condicionado, frigobar e televisão. Embora fique bem pertinho da orla, a maioria dos quartos não tem vista para o o mar. Em compensação, a pousada dispõe de uma pequena piscina, o que é raro por aqui, e belos jardins bem-cuidados.
O café da manhã é um dos melhores da região e o atendimento é bem personalizado. O próprio dono atende os visitantes, cuida da trilha sonora do ambiente e está sempre disponível para uma conversa.
Mostro mais opções de hospedagem em Guaraqueçaba e Superagüi neste post:
-> Pousadas em Guaraqueçaba e Superagüi: onde é melhor se hospedar
O que ver e fazer em Guaraqueçaba
Com 8 mil habitantes, Guaraqueçaba é de uma tranquilidade só. O movimento só aumenta um pouco nos fins de semana de temporada. A praça e as construções históricos formam uma espécie de semicírculo de frente para a baía.
Da época de ouro da cidade, na virada do século 19 para o 20, restam poucos prédios. O antigo mercado municipal, diante do trapiche, abriga um posto de atendimento ao turista. A boa conservação contrasta com o edifício vizinho, um belo casarão que ameaça desabar.
Do outro lado da praça, belas esculturas de águias chamam a atenção para o edifício da antiga prefeitura.
Subindo a rua ao lado, chega-se à Igreja de Bom Jesus dos Perdões, a construção mais antiga da cidade, erguida em 1838 aos pés do Morro Quitumbê. Uma trilha de 600 metros parte dos fundos da igreja e leva ao alto do morro, um belo mirante natural pra quem tem força nas pernas.
Mas nem precisa subir. A maior atração por aqui é sentar no banco da praça e ver a vida passar, ou navegar, pela baía. O máximo de emoção é caminhar uns metros pela Ponta do Morretes, uma extensão da praça que também serve de camarote para o mar.
No fim da tarde, os barcos pequenos começam a encostar trazendo carga e passageiros. As chamadas “canoas caiçaras” vêm sendo substituídas pelas voadeiras na baía, mas ainda são maioria por aqui.
Prepare a máquina fotográfica. Estes barcos coloridos são feitas de forma artesanal, algumas de um único tronco de madeira. O formato lembra um pouco as gôndolas de Veneza e os curiosos detalhes no leme são a cereja do bolo.
Depois, é hora de aproveitar o belo pôr-do-sol e um sossego tão grande que a gente até estranha no primeiro dia. Costumo dizer que o silêncio é a maior atração turística de Guaraqueçaba.
Onde comer em Guaraqueçaba
O Armazém Rodrigues tem lanches, cervejas artesanais, petiscos e uma deliciosa casquinha de siri ( recomendo!). O lugar, aberto desde 1962, é todo decorado com fotos antigas e peças de artesanato, algumas a venda. Uma graça!
O Restaurante Barbosa é muito simples mas tem uma bela vista para o mar e a melhor comida da cidade, na minha opinião. A cozinheira Darli herdou o restaurante do pai e tem um tempero caseiro delicioso. O menu turístico com tudo e mais um pouco custa R$60,00 para dois.
Passeios em Guaraqueçaba
Para os mais inquietos, tipo eu, algumas horas são mais que suficientes para conhecer e curtir a tranquilidade do centrinho. As grandes atrações estão fora da cidade, nas matas e nas ilhas da grande área de proteção ambiental de Guaraqueçaba.
Os passeios que levam ou pela floresta ou pelo mar não são complicados, mas é melhor reservar um dia para cada um e aproveitar o resto do tempo pra relaxar na pousada. Outra opção é dividir as noites entre Guaraqueçaba e a Ilha de Superagüi, como eu fiz. Ficamos duas noites em cada lugar e achei que funcionou muito bem. Veja onde ficar:
-> Pousadas em Guaraqueçaba e Superagüi: onde é melhor se hospedar
RESERVA NATURAL SALTO MORATO
O acesso para a reserva particular fica a 23 quilômetros da cidade ( o trecho final da PR 405). Se você foi de barco como eu, vai ter de pegar um taxi. O professor Aurélio (8401 5112), o único taxista oficial da cidade, cobrou 160 reais pelo percurso de ida e volta (fomos eu e meus dois filhos).
O lugar é bem organizado, com centro de visitantes, material educativo, banheiros decentes e bebedouros. A entrada custa 10 reais (crianças não pagam). A lanchonete e o trabalho de orientação funcionam de terça a domingo, mas eu fui numa segunda e fiz a visita tranquilamente.
Há duas trilhas demarcadas e bem fáceis de percorrer. A Trilha da Figueira leva a uma arvore centenária que projeta as raízes sobre o rio. A trilha principal, com 1500 metros no meio da mata, chega até os pés do Salto Morato, uma cachoeira linda de 100 metros de altura. Conto tudo sobre o passeio neste post:
Passeio e trilha na Reserva Natural do Salto Morato
ILHAS DE GUARAQUEÇABA
As ilhas rendem fácil dois dias de passeio. A melhor maneira de conhecê-las é contratar um barqueiro e combinar o percurso (eles podem, inclusive, fazer as reservas nos restaurantes das ilhas). O Augusto (41 8412 1673), que nos levou de voadeira, também foi um ótimo guia.
Os passeios mostram o modo de vida na região e os animais que aproveitam a proteção do Parque Nacional de Superagui, considerado Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural pela Unesco, pra viver e se reproduzir. No caminho, dá pra ver antigas ruínas dos primeiros tempos de colonização do Paraná, ainda no século XVI!
Os botos, por exemplo, dão as caras facilmente nesta parte da baía, principalmente diante da Ilha das Peças (dá para almoçar lá!) e da Ilha de Superagui. Na vila de Barbados, o almoço inclui ostras frescas criadas ali mesmo, diante dos restaurantes rústicos. Já no fim de tarde, dá pra assistir do barco a revoada dos papagaios-de-cara-roxa, em risco de extinção, que passam a noite na Ilha do Pinheiro.
Na parte mais externa da baía, a Ilha de Superagui merece um dia inteiro ou até mais. A vila é simples, sem o conforto das pousadas de Guaraqueçaba, mas as trilhas, praias desertas e a baía cheia de barcos e botos valem a pena. Nós preferimos fazer o percurso só de ida e passar dois dias por lá. Contratamos todos os outros passeios a partir de Superagui. Leia mais sobre a ilha:
-> Ilha de Superagüi: entre botos, trilhas e praias desertas
De lá, eu segui para a Ilha do Mel, mas isso é assunto para outro post! 😉
FOTOS: CASSIANA PIZAIA
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Nossos outros posts sobre o litoral do Paraná:
-> Pousadas em Guaraqueçaba e Superagüi: onde é melhor se hospedar
-> Passeio e trilha na Reserva Natural Sato Morato
-> Pousadas na Ilha do Mel: onde se hospedar em Brasília, Encantadas, Farol e Fortaleza
Perfeito para quem gosta de natureza e tranquilidade!!!
Olá,
Achei seu blog fantástico, cheio de detalhes. Somos de São Paulo e estamos pensando em ir para Guaraqueçaba na ultima semana de dezembro. Poderia me informar quais opções de barco existem para chegar na cidade, custo e tempo de travessia ? E para chegar na Ilha de Superagui desde Guaraqueçaba ?
Acha que 4 dias são suficientes para conhecer Guaraqueçaba a Ilha do Superagui?
Grata,
Tania
Tania, a melhor alternativa de barco é partir de Paranaguá, como eu fiz. As embarcações saem diariamente às 09h e às 13h30h. A viagem custa hoje R$30,00 e demora entre 2h30 e 3h até Guaraqueçaba. De lá até Superagui, em condições normais, há barcos regulares saindo às segundas, quartas e sextas, sempre às 14h, com tempo de percurso entre 2h30 e 3h. Também é possível ir com voadeiras de moradores locais, que custam mais caro, mas levam metade do tempo.
Gostei muito desse passeio gostaria de saber se da pra nadar em guaraquecaba
Regiane, não há boas praias na cidade de Guaraqueçaba. As melhores ficam em Superagüi. Por isso, vale a pena passar pelo menos um dia lá. Já na Reserva do Salto Morato, é possível tomar banho de rio. Dá pra ir de carro ou de taxi e é um ótimo passeio. Dê uma olhada em nossos posts sobre Superagüi e Salto Morato. Obrigada pelo contato.
O lugar é muito bom mas quanto conseguir informação sobre os horários dos barcos e locais para ir e péssimo muita má vontade e o transporte de barcos são caros e poucos
Realmente são poucos os horários, Elau. Mas se trata de um lugar isolado, com uma comunidade pequena de moradores. O movimento de turistas, mesmo na temporada, não é tão grande assim. Vale a pena insistir um pouco ;). Abraço!
Olá
Parabéns pela matéria. Saberia me dizer se todos os barcos possuem colete salva vidas?
Desde já agradeço
Têm sim, Cristiane. É uma exigência legal. Abraço.
É um lugar que quero conhecer tbm, mas como eu fico protelando para visitar Guaraqueçaba, e me disseram que é um paraíso e é mesmo e um amigo me convidou a passar uns dias lá, olha só a oportunidade, essa joia de lugar, mas se Deus permitir que eu viver este ano ainda estarei aí
Vale a pena, Paulo. Guaraqueçaba é realmente um lugar muito especial.
Ola falando em Pousada…qual a melhor ou mais aconchegante ..
Melhor atendimento ???
Melhor preco?
Olá, Jamilson. Temos aqui no blog um post específico sobre as hospedagens em Guaraqueçaba e Superagui: http://www.aos4ventos.com.br/pousadas-em-guaraquecaba-e-superagui-onde-e-melhor-se-hospedar/. Espero que ajude. Abraço!
Amei! Eu estava olhando o mapa de São Paulo e vi os parque nacionais de preservação da mata atlântica na divisa com Paraná e pesquisando mais a fundo me interessei pela cidade Guaraqueçaba. Desde então estou pesquisando para fazer a viagem nessa cidade, seu blog foi perfeito, com várias informações alinhadas e úteis.
Obrigada, Karina. Feliz por ajudar😘.