Ilhéus: o que fazer, onde ficar e comer na terra de Gabriela
Sem Jorge Amado, o Vesúvio talvez fosse só mais um boteco perto da praça principal de Ilhéus. Mas a história do encontro improvável entre um imigrante sírio e uma retirante nordestina na terra do cacau mudou tudo nesta parte da Bahia.
Diante da Igreja de São Sebastião, tomando uma cervejinha do bar de Nacib, fica difícil saber o que faz ou não parte da literatura, tão misturados eles estão em Ilhéus.
O melhor a fazer talvez seja levar Gabriela, Cravo e Canela embaixo do braço. Sair com Nacib pelas ruas antigas até a região do porto de onde os coronéis viam sair os navios carregados de cacau.
A euforia e a riqueza de 1925, mostradas no livro, já não existem. Muitos prédios históricos estão malconservados. Mas parte do cenário continua lá e são os principais pontos turísticos de Ilhéus. Uma tarde é suficiente para conhecer a maioria deles. Deixe o dia seguinte para as praias e uma visita à histórica Fazenda Primavera.
Depois de décadas de abandono, o antigo Bataclan virou restaurante- museu, mantendo o estilo e a decoração de sua época de ouro nos anos 20.
Nos fundos, móveis e objetos da época recriam o que foi ou poderia ter sido o quarto de Maria Machadão, a dona do cabaré.
Uma caminhada pela parte antiga da cidade, entre a Baía do Pontal e o mar, mostra o que Jorge Amado via nos anos em que morou no belo sobrado perto de quase tudo que aparece nos livros.
A casa, hoje um museu que conta a história do escritor, foi construída pelo pai com o dinheiro de um prêmio da loteria.
Da janela do quarto, onde ele escreveu O País do Carnaval, vê-se o Teatro, a Catedral e s belas fachadas do fim do século XIX e início do século XX, quando Ilhéus se tornou a capital mundial do cacau.
As histórias de riqueza rápida atraíam forasteiros como a família de Nacib e a nordestina Gabriela.
Na vida real, a população aumentou mais de dez vezes em menos de três décadas e a cidade começou a se modernizar sob o comando dos coronéis.
Um século depois, o sobrado do Coronel Misael Tavares, o Rei do Cacau, ainda chama a atenção diante da Igreja de São Jorge, a mais antiga da cidade.
Mas para entender – e ver- melhor a cidade, é preciso subir os morros. São pelo menos oito mirantes, a maioria dentro da cidade. Se você não estiver de carro, vale pegar um taxi pelo menos até a Igreja da Piedade. Vista do alto, a cidade parece mesmo saída de um livro.
Na baía do Pontal, o mar encontra o Rio Cachoeira ainda cercado por reservas de Mata Atlântica. Entre as torres das igrejas, surgem as praias do litoral mais extenso da Bahia.
Lá em cima, ainda bem preservado, está o prédio imponente erguido em 1916 para abrigar a Igreja e o Convento da Piedade.
A escola, que também aparece em Gabriela, funciona aqui até hoje. Algumas salas, transformadas em museu pelas freiras, mantém ainda os móveis e objetos do início do século passado.
Aqui e por toda a cidade, ambientes, prédios, nomes e sobrenomes verdadeiros lembram os personagens de Jorge. Até hoje a identidade real de alguns deles provoca controvérsias.
Uma mistura de realidade e ficção que deixa ainda mais saboroso o passeio por Ilhéus.
Fotos: Cassiana Pizaia
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Guia Rápido de Ilhéus
O QUE FAZER EM ILHÉUS
Ilhéus tem belas praias mas as águas do Rio Cachoeira deixam o mar mais escuro em algumas praias perto do centro.
A visita vale a pena pela beleza da cidade, pelos prédios históricos e as referências ao cacau e às histórias de Jorge Amado.
Um dia é suficiente para conhecer a cidade e as praias próximas. Programe também uma visita às fazendas de cacau (sim, elas ainda existem!) .
A Fazenda Primavera fica na estrada para Itabuna, a 25 quilômetros de Ilhéus.
Além das plantações de cacau, o dono mantém um museu sobre a história da fazenda.
Agende a visita pelo telefone: 073 3613 7817 / 073 9983 7627
Uma opção interessante é incluir Ilhéus em um roteiro mais amplo pela Costa do Cacau, que vai de Canavieiras (ao sul) a Itacaré (ao norte). Você vai encontrar belíssimas praias, principalmente ao norte.
Onde Ficar em Ilhéus
Os melhores hotéis e pousadas ficam diante das praias do litoral sul. A Praia dos Milionários tem mais infraestrutura, com grandes barracas à beira-mar. As maiores fornecem mapas turísticos da cidade.
Se for alugar carro, converse com o pessoal do hotel. As locadores locais tem preços menores que as empresas conhecidas e levam o carro até você. Alugar um carro no aeroporto de Ilhéus sai bem mais caro.
PRAIAS DE ILHÉUS
Ao Sul
O acesso é fácil pela Rodovia Ilhéus- Olivença. Infelizmente, depois da Praia dos Milionários, a paisagem fica escondida atrás de casas e hotéis. É preciso ficar de olho nas ruas estreitas que levam até a praia. A ocupação desorganizada da orla atrapalha a circulação.
As praias do balneário de Olivença são as mais procuradas.Back Door é a preferida pelos surfistas. Prefira os períodos de maré baixa. Quando o mar sobe, a faixa de areia quase desaparece.
Ao Norte
Saindo da cidade, em direção a Itacaré, ficam as praias mais bonitas da região de Ilhéus. A estrada- parque, cercada por palmeiras e lavouras de cacau, é um passeio por si só. Ao contrário do sul, a estrada passa longe da orla, mas há mirantes e acessos sinalizados às principais praias.
ONDE COMER EM ILHÉUS
Não há muitas opções em Ilhéus.
No Vesúvio, você junta o útil ao agradável. Além de boa localização e clima descontraído, o bar serve moqueca e outros pratos regionais. O único problema é a falta de ar-condicionado.
O Bataclan serve comida a quilo no almoço e pratos a la carte à noite. Se possível, programe o jantar para a noite de apresentações artísticas, quando o restaurante recria o clima de cabaré nos anos 20. O espaço tem também uma loja de souvenires.
Experimente os sorvetes do Ponto Chic, na esquina da praça principal com a rua Jorge Amado.
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Achei o máximo !!!!!! Não imaginava que o lugar estivesse assim tão bem cuidado, com prédios históricos preservados…. Adorei o roteiro és matéria!!!! Parabéns!!!!
Nem tudo está bem cuidado em Ilhéus, Adriana. Mas as principais atrações estão preservadas, sim. E é muito bacana ver o Bar Vesúvio e o Bataclan funcionando. Obrigada!
Hoje moro em E.S mais meu filho nasceu em Ilheus,sou de Coaraci e mim orgulho da cidade de Ilheus,amo de mais
Bacana, Eliane. Também gostei muito de conhecer sua cidade. Abraço!
Achei incrível. Agora só falta ir na terra da Gabriela.
Parabéns, prima.
Valeu, Wilson! 🙂
Achei lindo tudo na matéria. Não conheci nada aí,mas tenho um irmão e minha filha mais o esposo dela que estiveram em Ilhéus e Maruá,mas não pra conhecer e sim pra cuidarem de minha irmã na UTI do hospital de Ilhéus, porque minha irmã caçula Andreza Maestri, estava fazendo uma casa em Maraú e morava em Fpólis SC. Quando chegou em Ilhéus sei marido a aguardava no aeroporto. Sim ele estava lá pq o marido estava cuidando da construção da casa deles! Ao entrar na estrada secundária tarde da noite ao sair do Aeroporto foram abordados por 4 elementos armados e imaginando o assalto deram ré no carro, sendo que o primeiro tiro acertou o olho direito de minha irmã de caçula e grávida de 4 meses. Então posso dizer que tudo é muito lindo. Mas também que há marginais matando pessoas inocentes lá. Meus pai com 82 anos e minha mãe com 81 anos tiveram de cremar a filha caçula de 44 anos e a bebê Antonella no dia 31/12, a mana aniversariante do dia 29/12/ recebeu o seu atestado de óbito no dia do seu aniversário. Então nem tudo são flores neste lugar. É do procurar o Jornal de Ilhéus ou da Bahia que vcs verificarão tudo que lhes contei. E fiquem atentos há muito bandidos a solta também. Muito cuidado.
Que tristeza. Meus sentimentos a você e sua família, Ibrantina. Infelizmente temos problemas graves de violência em muitas regiões do Brasil, inclusive regiões turísticas. Muito triste que momentos que deviam ser de felicidade e realização terminem dessa forma.