Como é o passeio de barco até o Encontro das Águas de Manaus, na Amazônia
O passeio mais tradicional de Manaus é muito mais do que uma visita ao encontro das águas. Quando o barco sai do Porto de Manaus pelo Rio Negro em direção Amazonas, a impressão é de que você finalmente está entrando no coração da Amazônia. Os últimos 18 quilômetros do Rio Negro formam o trecho mais movimentado da grande estrada de água por onde quase tudo chega ou sai de Manaus.
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Deixamos para trás o antigo porto, tombado pelo patrimônio histórico, mas a fila de barcos parece não ter fim. São dezenas de atracadouros, portos particulares ou simples pontos de desembarque quase ao lado das ruas de Manaus
Navios gigantescos trazem peças do outro lado do mundo para as indústrias da Zona Franca. Balsas lotadas cruzam nosso caminho. Nas margens, trabalhadores descarregam cimento, trigo, material de construção, comida, motores, botijões de gás.
Mal chega em Manaus, parte dos mantimentos volta para o rio em lanchas e canoas. Vai abastecer os pequenos povoados à beira do rio. Quer entender como funciona a vida da Amazônia? Comece por aqui.
Parece incrível, mas até hoje nenhuma rodovia pavimentada liga Manaus ao centro sul do país. A cidade de mais de dois milhões de habitantes ainda depende do rio para quase tudo.
De São Paulo até aqui, um produto demora de 10 a 20 dias. Chega por terra apenas até Porto Velho, capital de Rondônia. Depois, percorre mais de 1000 quilômetros sobre balsas na maior hidrovia do mundo.
No Amazonas, a vida corre pelo rio. Por 100 reais e uma rede, o passageiro entra em um barco regional em Manaus e sai cinco dias depois em Belém do Pará. Na maioria das vezes, sem poltrona nem ar condicionado.
Estas embarcações tradicionais, uma mistura de ônibus e caminhão, levam gente e mercadoria para todos os pontos da Amazônia. Bem ao nosso lado, os passageiros e suas redes dividem espaço com um carregamento de bananas.
Tudo e todos chegam ao ponto onde estamos agora, a encruzilhada dos rios ligam Manaus ao resto do mundo.
Sem preparo, sem transição, o Rio Negro simplesmente acaba. Este mundaréu de água escura, maior em volume do que todos os rios da Europa juntos, que percorreu 1700 quilômetros desde a Colômbia, encontra aqui uma barreira intransponível.
São as águas barrentas do Solimões, que descem dos Andes peruanos e chegam a uma velocidade quase três vezes maior.
O encontro destes dois colossos é de cair o queixo. Por 16 quilômetros, os dois rios correm lado a lado, cada um no seu ritmo, com sua temperatura e suas cores.
A explicação está na origem dos dois rios, nos tipos de solo e de plantas que encontram no caminho.
Nos livros de geografia, o Negro é apenas um afluente do Amazonas, que nasce nos Andes. Para o povo daqui, ele é tão importante que o grande rio só ganha nome depois do Encontro das Águas.
Morrem o Solimões e o Negro. Nasce o Amazonas, por onde todos estes barcos seguem viagem.
Nosso roteiro não terminou! Veja como foi a continuação do passeio no próximo post:
-> Encontro das Águas de Manaus: A segunda parte do passeio
FOTOS: CASSIANA PIZAIA
Guia rápido do passeio de barco em Manaus
Como ir ao Encontro das Águas
Viajamos pela Amazon Explores. O pacote dura o dia todo e incluiu o transporte de ida e volta do hotel até o porto, a visita ao Parque Janauari, o almoço em um restaurante flutuante e o percurso de canoa pelos igarapés.
Uma vantagem importante é que a operadora trabalha com barcos maiores, de dois andares, o que permite ver e fotografar melhor o Encontro das Águas. O guia também é muito bom.
As agências de Manaus vendem também pacotes com outras combinações. Eles podem prever, por exemplo, a interação com botos, a visita aos índios da Reserva do Supê ou ao Seringal Vila Paraíso. Conto mais sobre estes passeios nos próximos posts.
Também é possível contratar um barco na Marina do Davi, a um quilômetro do Hotel Tropical. Se você viaja em grupo, o transporte pode sair mais barato a princípio. Mas não se esqueça de somar o preço do taxi até a Marina.
Melhor época para ver o Encontro das Águas
O passeio pelos rios Negro e Amazonas é sempre interessante mas a paisagem muda conforme a época do ano, principalmente depois do Encontro das Águas.
Entre fevereiro e abril, há pancadas de chuva quase todos os dias e as várzeas estão inundadas. É um bom período para passear de canoa entre as florestas inundadas, os igapós. As vitórias-régias abrem principalmente no final das cheias, entre abril e julho.
Entre agosto e outubro, chove muito pouco, o que deixa o passeio mais confortável. O nível do rio baixa rapidamente, dá para ver as palafitas fora d´água e surgem as praias. Mas ainda é possível passear de canoa pelos igarapés.
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show adoro essa região não tem comparação temos riquezas naturais por isso temos que preservar
nossa amazonia.
A riqueza da Amazônia é mesmo única no mundo, Roberto. Precisamos encontrar alternativas para que o desenvolvimento e a preservação caminhem juntas na região.