Dunas, praias e leões-marinhos: o que fazer em Cabo Polonio, Uruguai
Chegar em Cabo Polônio já é uma aventura. Isso ajude a explicar como um lugar sem luz elétrica, água encanada e uma comunidade… de leões-marinhos maior que a de humanos sobrevive escondido no litoral uruguaio.
Não que as distâncias sejam grandes. Do Chuí, na divisa entre Brasil e Uruguai, até Polonio são apenas 100 quilômetros por estrada boa. Partindo de Montevidéu, são 262 quilômetros margeando o Rio da Prata e o mar.
Polônio foi nossa última parada depois de um giro grande pelo interior e pelo litoral do Uruguai. Vínhamos de Punta de Leste, o destino mais badalado do país, completamente diferente do que encontramos em Cabo Polônio. Veja nosso roteiro completo neste post:
De Porto Alegre a Montevidéu: como ir e o que visitar
O transporte em Cabo Polônio
Pra começar, você não chega de carro ou ônibus convencional. Entre a estrada e a praia, onde fica o povoado, são 7 quilômetros de bosques, praias e dunas móveis com até 20 metros de altura. O único trecho que restou da longa faixa de dunas gigantes do litoral uruguaio hoje faz parte de um Parque Nacional.
A entrada de qualquer veículo particular no parque é proibida. Resta encarar o trecho a pé, a cavalo ou embarcar numa camionete 4 X 4 adaptada, um veículo curioso, bem difícil de descrever. Dá só uma olhada:
Eles partem do Centro de Visitantes, que fica no quilômetro 264 da Ruta 10 . No local, há estacionamento, banheiros e guichês para venda de ingressos.
Apesar do jeitão esquisito, o transporte ainda me pareceu mais viável que atravessar as dunas camelando embaixo do sol. Depois de quase meia hora sacolejando com os cabelos ao vento (fiquei imaginando como é percorrer isso no inverno), chegamos a um dos lugares mais bonitos que vi no litoral uruguaio.
A vila e as praias de Polonio
A praia tem areia branquinha, água gelada e quase ninguém. Leis ambientais controlam o turismo e protegem plantas e animais ameaçados de extinção, como rãs e tartarugas. Mais de 50 tipos de peixes, camarões e lagostas se reproduzem aqui e a baleia austral costuma dar as caras entre setembro e novembro.
De longe, mal dá pra ver o povoado. Cabo Polônio tem menos de 100 moradores fixos. Pequenas casas brancas e simples se espalham na ponta da pequena península, cercadas pelo mar e pelas dunas.
Toda a água é retirada de poços e a energia vem de geradores domésticos alimentados pelo calor do sol ou pelo vento. Ainda assim, várias casas viraram pequenos restaurantes e pousadas. Algumas são puro improviso, outras cultivam aquele jeitão meio hippie de ser.
O que ver e fazer em Cabo Polônio
Um dia é suficiente para conhecer as atrações de Cabo Polônio. Depois de descer no centrinho, nós seguimos a pé pelo Camino Posadas em direção ao mar na ponta rochosa da península. Nem precisamos andar muito para encontrar o primeiro deles. Encostado nas rochas, um leão-marinho enorme tomava sol em se incomodar com os turistas fotografando a meio metro de distância.
Subindo o morro que leva ao Farol de Cabo Polônio, vimos logo a colônia inteira. Centenas de lobos- marinhos de todos os tamanhos ocupam a três pequenas ilhotas de pedra bem perto da costa.
É uma das maiores colônias do continente e uma das únicas tão perto da costa. A captura destes animais deu origem à vila no século XIX e só foi totalmente proibida em 1992. Hoje, eles criam os filhotes logo ali, diante dos olhos dos turistas
Para ver melhor a colônia, é interessante subir os degraus do farol, na parte mais alta de Cabo Polônio. Vale a pena o esforço. Lá em cima, a 40 metros de altura, você tem uma vista panorâmica maravilhosa de toda a região.
A praia Sur tem menos vento e é mais frequentada pelos turistas. Ao norte, a Praia Calavera segue até Valizas, um trecho que os mais animados podem fazer a pé num percurso de quase 12 quilômetros.
Esse lugar ficava exatamente na divisa entre as possessões espanholas e portuguesas, era refúgio de piratas e temido pelos marinheiros. Vários navios naufragaram aqui antes da construção do farol, em 1881. Em 1753, um barco espanhol afundou com o capitão Polloni, que acabou dando nome ao lugar.
Retornamos à vila pelo Camino al Faro, na parte alta do Cabo. Na volta, vários turistas nos falaram sobre a tranquilidade e a beleza desse lugar à noite, sem o barulho e as luzes da cidade. Saímos de lá já com uma baita vontade de voltar.
Informações práticas
MELHOR ÉPOCA PARA IR A CABO POLÔNIO
Os lobos-marinhos podem ser vistos durante o ano todo, mas a temporada vai de dezembro a março, quando a maioria dos bares e restaurantes abre e o transporte é mais frequente. Entre maio e setembro, faz frio e venta muito. Entre setembro e novembro, também é possível observar baleias.
DINHEIRO
Não existem bancos, nem caixas automáticos e os cartões não são aceitos. Melhor levar dinheiro vivo, em pesos ou dólares.
COMO IR A CABO POLÔNIO DE CARRO
Vindo de Montevidéu
Saia da capital pela Ruta Interbalneária. Se quiser ir direto a Cabo Polonio, pegue a Ruta 9 e, na entrada para La Paloma, entre à direita na Ruta 15. Vá até o cruzamento com a Ruta 10 e vire à direita novamente. Siga em frente até o Centro de Visitantes de Cabo Polônio.
Meu roteiro incluiu Punta del Este e La Paloma. Se optar também por esse trajeto, siga pela Ruta Interbalneária até Punta. De lá, há dois caminhos possíveis. No mais rápido, você sai da cidade pela Ruta 39 e depois pega a Ruta 9. Em seguida, segue pelas rotas 15 e 10.
A opção mais demorada e próxima do mar é toda pela Ruta 10. Você entra nela já na saída de Punta del Este e segue direto até Cabo Polônio.
Vindo do Brasil
Vá pela BR 471 até o Chuy e siga pela Ruta 9 até Castilhos. Pegue depois as Rutas 16 e 10 até o Centro de Visitantes.
COMO IR A CABO POLÔNIO DE ÔNIBUS
De Montevidéu
Pegue ônibus no terminal de Tres Cruces para Cabo Polônio ou Valizas. Veja horários e outras informações no site www.trescruzes.com.uy
Vindo do Brasil
Os ônibus da empresa Rutas del Sol, que fazem a linha entre Chuí e Valizas, param na entrada do Centro e Visitantes de cabo Polônio.
TRANSPORTE E ESTACIONAMENTO EM CABO POLÔNIO
Horários: durante a temporada alta, os veículos 4×4 saem do terminal das 07h30 às 20h30. O retorno é das 08h às 21h. Fora de temporada, a frequência diminui.
Preços: 170 pesos uruguaios. Crianças menores de 5 anos não pagam.
Estacionamento: livre até 1 hora. Até 6 horas, o valor é de 150 pesos. De 6 a 12 horas, 180 pesos. Por 24 horas, 220 pesos.
OUTRAS DICAS
Não esqueça do chapéu e do protetor solar. O caminhão de transporte não tem proteção e há pouca sombra em Cabo Polônio.
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FOTOS: CASSIANA PIZAIA