A mesquita muçulmana de Curitiba
A Mesquita aqui de Curitiba tem aquele efeito imã de máquina fotográfica. Toda vez que passo por ela – pode ser feriado, dia de semana, horário de expediente – encontro gente olhando e tirando foto.
Não é muito fácil enquadrar o conjunto sem se contorcer muito. Apesar de estar em pleno centro histórico turístico, a construção fica meio escondida, de frente para uma rua comum. Se estivesse numa praça, teria virado cartão-postal.
A versão de Curitiba, lógico, não se compara em tamanho às principais mesquitas do mundo. Mas é difícil mesmo ver e não sair clicando. Nos domingos pela manhã, a escadaria vira quase uma extensão da tradicional Feirinha do Largo da Ordem.
As barraquinhas de artesanato que saem do Largo e sobem a Rua Dr. Kellers acabam servido de caminho natural para a mesquita. Todo domingo, de 500 até 2000 pessoas acabam entrando, quase uma romaria.
Gosto dela por dois motivos:
O primeiro eu compartilho com todo mundo que passa na rua: a arquitetura. Estão lá todas aquelas características típicas dos templos muçulmanos. A cúpula, os arcos, os minaretes orientados em direção à Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos .
O que faz a mesquita curitibana se destacar entre outras do Brasil (e criar o tal efeito imã de máquina fotográfica) são os azulejos coloridos em tons de azul, decorados por minuciosos arabescos coloridos e inscrições na língua árabe.
O segundo motivo tem a ver com a histórica da cidade. Você sabe que Curitiba é resultado de uma grande mistura étnica. Quando a grande leva de imigrantes baixou por aqui, na virada do século 19 para o 20, já havia árabes entre alemães, italianos, poloneses.
Mas a maioria veio mesmo depois da segunda guerra. Mais especialmente, libaneses fugindo da Guerra Civil entre 1975 e 1989. Quando ela terminou, o Paraná tinha a segunda maior colônia árabe do Brasil, atrás apenas de São Paulo.
É o que explica, entre outras coisas, a quantidade de ótimos restaurantes árabes de Curitiba.
10 restaurantes árabes em Curitiba para comer bem e se divertir
Pois a comunidade também levantou a mesquita em 1972 e a mantém até hoje como lugar de oração e de encontro. A Sociedade Beneficente Muçulmana e a Escola Brasileira-Árabe do Paraná ficam a meia quadra daqui.
Nos horários de visita, você encontra alguns deles na porta recebendo os turistas. Qualquer pessoa pode entrar. As regras são as mesmas de qualquer mesquita do mundo. Sapatos do lado de fora e mulheres com a cabeça coberta pelo véu. Mas não se preocupe se você não tem um hijab. As mulheres da mesquita têm um estoque deles para as turistas. Se está de roupa curta, recebe uma capa até os tornozelos e está resolvido. A ideia claramente é aproximar culturas, não afastar.
O espaço interno não é muito grande nem tão exuberante quanto a parte externa mas mantém as linhas, a decoração em arabesco e aquele maravilhoso chão coberto por tapetes persas.
O que parece um altar, no centro, é o mambar, local onde o Sheik, o religioso muçulmano, faz as orações. À esquerda, está o mihrab , que indica a direção de Meca e das orações dos fiéis. É comum, aliás, encontrar alguém rezando mesmo com os turistas em volta.
Uma curiosidade sobre o Imam Ali Ibn Abi Talib, que dá nome à mesquita. O Imam era genro de Maomé e o principal motivo da divisão dos muçulmanos entre grupos xiitas e sunitas. Os xiitas o veem como sucessor do profeta até hoje. O grupo que não concordou na época deu origem aos sunitas, que se tornaram maioria no mundo.
Pensou em confusão? Pode esquecer. A Mesquita de Curitiba é uma das únicas do mundo onde sunitas e xiitas rezam juntos.
SERVIÇO:
Horário de visitas: aos domingos, das 10h00 às 13h30. A entrada é gratuita.
Onde fica: Rua Dr.Kellers, 383 – Bairro São Francisco, perto da Praça João Cândido.
A Mesquita fica perto também da Rua das Flores. Dá uma olhada lá:
-> O que fazer em Curitiba: Comece pela Rua das Flores
Sobre a cultura árabe em Curitiba:
Os melhores restaurantes árabes de Curitiba para comer bem e se divertir
Al Baba: a confeitaria árabe de Curitiba
FOTOS: Cassiana Pizaia
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Realmente a mesquita eh linda…sempre tive vontade recente a mas achava que não podia…na próxima vez que tiver perto vou visitar
Muita gente tem esta dúvida, Silvia, mas é realmente muito tranquilo. Só fique atenta aos horários de visitação aos domingos. É quando o pessoal da mesquita está preparado para recepcionar os visitantes. Vale a pena!
Amei tudo que li aqui. Estive em Curitiba em Julho e estou indo em Novembro. Após ler este site, vou olhar Curitiba com olhos mais atentos para as histórias.
Obrigada, Amanda. Seja bem-vinda novamente! Abraço.
Olá! Olha, estarei pela primeira vez em Curitiba e tenho montado um planejamento para explorar o melhor da cidade de curitiba. Após o museu do holocausto no domingo fiquei muito interessado em visitar a mesquita (seria minha primeira experiência) mas tenho duvidas: os homens obedecem a algum tipo de vestimenta (é possível entrar de bermuda por exemplo) e se e possivel tirar fotos no interior do templo.
Oi, Walter, não há restrição para roupas masculinas. Pode-se entrar de bermuda sim. Também é permitido tirar fotos no interior sem problemas. Só fique atento para o dia e horário de visitação. Abraço!
Cassiana gostaria de saber se vão construir uma mesquita ali no jardim botânico que é uma casa beneficente pois vi no site até maquete mais fui pessoalmente para ver se estava pronto e só vi a casa? Grato Aymoré
Não estou sabendo, Aymoré. Se você souber de alguma novidade, nos avise. Abraço.